Amigos, eu vi.
Vi, acho que foi com os meu olhos, a magia que reinou num campo encantado. É verdade! O jogo entre Santos e Corinthians foi mais que belo, foi mais que gracioso. Eu definiria como mágico. Foi a ressurreição de um futebol que encantou o mundo com as pernas curvadas de um anjo torto, que tinha com única preocupação acabar com todos os “Joões” que visse pela frente. Foi a vitória sobre os gladiadores que um dia tentaram destruir o reinado de um Rei Negro, de 3 corações, em terras britânicas. Foi o nascimento de uma obra, que veio por acaso, e que encantou todo o país.
Talvez ainda é cedo para darmos qualquer tipo de conotação além do craque. Foras de série, já dizia Telê Santana (sábio mestre e defensor do futebol arte), “somente Garrincha e Pelé, nem mesmo o tal do Maradona”, porém, não tenho dúvidas que este garoto, de sorriso maroto, canelas de sabiá e com a pele da cor imperial, trouxe em seu pés – divinos – a ousadia do menino que joga descalço num campo de terra batida. O corpo indo para um lado, e as pernas indo para o outro, que juntos, formam uma explosão de movimentos musculares impossíveis de serem captados num só pensamento. Não dá para acompanhar as famosas “pedaladas” sem que você perca o seu ponto de equilíbrio. Passo a passo, mesmo nos detalhes da câmera lenta, termino a cena pensando que estou em outro lugar. Pobre do Rogério que deve estar imaginando onde e como aquele rapaz magricelo conseguiu adquirir e usar tantas pernas ao mesmo tempo. Não sei, mas acho que Robinho é um extra-terrestre.
Enfim, não estou escrevendo para procurar desculpas na derrota corinthiana, mas apenas para destacar a brilhante atuação deste jovem jogador que desarmou todas as táticas, entortou todos os zagueiros e fez de nós, brasileiros, ainda mais fãs de futebol. Nesta hora, esquecemos as rivalidades. Não é verdade? Não conseguimos deixar de nos rendermos aos pés daqueles que trazem alegria ao nosso esporte bretão, seja ele brilhando a favor da nossa equipe ou até mesmo jogando na equipe rival. É como se num passe de mágica, ou numa jogada de craque, o futebol voltasse a ser novidade outra vez. Não sei vocês, mas é assim que me sinto. Entristecido pelo Corinthians ter perdido, mas feliz por termos mais um grande nome na lista de futuros craques do nosso país.
“Robinho, o artista principal de uma tarde mágica que ficou para história”.
(Marcel Agarie – Corinthiano, maloqueiro e sofredor) - 16/12/2002
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