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Cartas-->SERIA POSSÍVEL UMA APRECIAÇÃO DA ARTE DE FORMA PURA? -- 03/11/2001 - 10:18 (denison) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nenhum produto da arte é fruto de um indivíduo só. A arte é sempre resultado de uma equipe. Vejamos a música, por exemplo; uma sinfonia parece ser criação apenas do compositor que a escreveu na pauta, mas algo mais amplo acontece. No momento da execução, a orquestra – cada músico – e o maestro recriam a obra a cada momento. É como se, na execução de uma peça, houvesse uma colaboração múltipla na criação.
Para ouvirmos uma obra pura e individual seria preciso uma interpretação das mãos do próprio criador num instrumento solo, sem interferência de outro instrumento; uma peça de Schumann ou Brahms ao piano, por exemplo, interpretada pelo próprio criador. Diz-se até que o Chopin de Liszt é melhor que o Chopin de Chopin. Isso prova que o que poderíamos ouvir saindo das mãos abençoadas de Liszt seria uma releitura da obra do amigo e não a obra autêntica e pura.
Vejamos a Arquitetura...o criador coloca em papel o que vem de sua imaginação, tudo calculado. Mas há a intervenção do mestre de obras, do engenheiro civil, dos trabalhadores anônimos que efetivamente realizam a obra em si. É uma criação de equipe. Uma sinfonia no papel apenas, sem a recriação dos co-realizadores ( leia-se os músicos ), não é música. O mesmo ocorre com a arquitetura...sem a imponente realização concreta da idéia, a arquitetura nada mais é do que um monte de linhas organizadas num papel ou tela.
Analisemos a pintura...no período barroco, Rubens tinha dezenas de assistentes no estúdio para o trabalho “chato”...completar extensas áreas com uma cor ou duas...queimar a paisagem com as tintas de base, etc...Rubens apenas fazia o esboço básico e finalizava a obra, para dar o acabamento, mas o processo do meio era dos assistentes, dos quais Van Dick fazia parte. No geral, a pintura sempre foi um trabalho de equipe. Mesmo quando uma obra parece ser pura e individual, como nas pinturas de Van Gogh, há um trabalho de equipe por trás. Uma coisa é a obra terminada pelo pintor, outra coisa é o quadro no museu, do jeito que apreciamos, num contexto criado por outra pessoa, usando uma iluminação dramática criada por outra pessoa, numa moldura escolhida por outra pessoa que não o artista. Tudo que circunda uma obra de arte implica na intervenção criativa e artística de outras pessoas que não o criador inicial.
No cinema isso se torna mais evidente...um filme é sempre resultado da criação do diretor de fotografia, maquilador, atores, roteirista, diretor de efeitos, etc...e não só do diretor geral. Na literatura podemos ter o gosto do que seria uma arte pura e individual, apenas em parte. Lembremos que a tradução de um texto em seu original já é uma recriação em si.
Tenho uma Divina Comédia bilíngüe onde, na esquerda vemos o original de Dante, na direita vemos a colaboração intrínseca do tradutor, em português. De um lado a obra pura, do outro, a criação conjunta entre Dante e o tradutor.
Por isso fiquei muito feliz quando tive a oportunidade de ver um compositor baiano executar, ao piano, uma obra de sua autoria. Aquilo era autêntico, puro e único. Por isso tenho imenso prazer em ler Machado de Assis, Lorca ou Flaubert, pelo simples fato de entender o português, o espanhol e o francês, sendo possível, desta forma, ler em original.
Já Goethe, Shakespeare ou a Bíblia eu não tenho tanto prazer em ler, pois leio apenas uma recriação encima do original e puro texto, pois não entendo os idiomas que foram usados para escreverem tais obras.
Vendo desta forma, vejo Wagner de forma especial, pois ele concebia o tema de suas óperas, escrevia o libreto, a música, produzia o espetáculo e vendia os ingressos na portaria...só faltava tocar todos os instrumentos...isso é que é buscar pureza.
Mas até mesmo Deus sabia que Jesus Cristo precisaria de uma equipe particular para executar a sua obra criativa...
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