Usina de Letras
Usina de Letras
81 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62352 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22544)

Discursos (3239)

Ensaios - (10412)

Erótico (13576)

Frases (50729)

Humor (20058)

Infantil (5476)

Infanto Juvenil (4795)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140851)

Redação (3316)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6224)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Palavrões, sexo e preconceito -- 11/07/2002 - 03:04 (Fabrício D. Viana) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PALAVRÕES, SEXO E PRECONCEITO

Por Fabrício D. Viana*





Como estou organizando um projeto contra o preconceito a comunidade GLBT (http://campanha.rg3.net), estudando e pensando sobre o assunto me lembrei de um livro que li e que me ensinou muito a entender não só os palavrões" mas também a sexualidade humana e todos seus preconceitos sobre.





Sabemos que a história da sexualidade é bastante complexa e obscura. Complexa tudo bem, principalmente por todas as suas vertentes. Agora obscura, não, não deveria ser, principalmente se não tivéssemos na história o poder da religião sobre a humanidade dizendo que tudo era "pecado", fazendo que os desejos e as realizações destes fosse algo pra lá de pertubador.



Salvo a "revolução digital sexual", nome simpático que dei com a entrada da Internet em pró da democracia, informação e publicação de artigos com a finalidde de "desmistificar" tabus. Até agora, sexo sempre foi mal visto, escondido e derturpado por muitos, principalmente por moralistas e religiosos ortodoxos que os fazem até hoje.



Este efeito histórico "produziu" em nossa sociedade os conhecidos palavrões. Palavras consideradas "de baixo calão", "sujas" e que causa, em muitos, muita aversão, constragimento e até excitação.



Mas porque isso? Se a única coisa que eu quero é comer sua BOCETA e depois enfiar meu PAU no teu CÚ?



Chocou? É muito provável que sim. Você vai pensar, o Fabrício Viana, uma pessoa séria que tem seus artigos espalhados em jornais, revistas e sites de todo o Brasil escreveu isso?



Sim, escrevi. E se você ficou chocado (pouco ou muito) tente fazer uma autoanálise e tentar descobrir o porque disso. Já que no fundo, o que estou dizendo acima nada mais é do que SEXO e você, mais do que ninguém, sabe que sexo é algo BOM e PRAZEIROSO.



Uma das dicas para ajudar em sua autoanálise é ver que TODOS os palavrões, sem excessão, possuem cunho SEXUAL e político e foram criados para AGREDIR algo ou alguém. Por isso o "espanto", baseado em sua educação e vivência.



Claro que, se isso for demais para você, sugiro parar de ler e visitar outros artigos meus, afinal, nem todo mundo, infelizmente, está pronto para discutir ou debater sobre SEXO. Lembro-me de uma paciente na faculdade que, aos 25 anos, quase teve um orgasmo só de tocar na mão de outro homem (não conhecia nada sobre sexo e jamais teve qualquer outro contato neste sentido com outro homem), tamanho era sua educação "travada" neste assunto.



Pois bem, continuando, sobre os palavrões, vamos agora analisar alguns muito comuns em nosso dia-dia, observando sempre suas mensagens preconceituosas, ideologias e tudo o mais.





VAI SE FUDER!



Palavrão muito típico. Ouvimos sempre em partidas de futebol, brigas entre amigos e em diversas situações conflitivas. É dito no sentido de "vai se ferrar!", "me deixe em paz!". Como se ir se "fuder" (ato sexual) fosse algo NEGATIVO. Tanto para quem vai se fuder quanto para quem vai ser fudido.



Esta expressão é um bom início para demonstrar a imagem deturpada do ato sexual. Parece, ouvindo isso, que o ato em si é a coisa mais obscura e suja que se pode existir. E, não existem motivos conscientes pois, na cama, todos sabemos que não é bem assim, que este palavrão nada mais é que um "palavrão" exercendo sua função preconceituosa, proliferando falsas informações.



VAI TOMAR NO CÚ



Salvo indivíduos que sentem prazer em ser penetrado no ânus (tanto homens quanto mulheres), "tomar no cú" é algo pra lá de complicado. Ele é muito usado entre os homens como forma de poder: "vai tomar no cú", semelhante ao "vai se fuder". O mais interessante nesta expressão é saber, por exemplo, que muitos destes mesmos homens tem prazer na relação anal com suas mulheres (existem muitos estudos na web sobre a prática do sexo anal entre casais). Sendo assim, a idéia que passa é que "quem toma no cu" é alguém INFERIOR. Portanto, numa sociedade machista, as mulheres podem, pois elas são "inferiores" aos homens, mas os homens não, eles tem que ser sempre superiores e se "tomarem no cú", se igualarão às mulheres. Isso também é uma das explicações pela tolerância de homens verem duas mulheres se beijando mas não conseguirem suportar dois homens trocando carícias. Tudo parte da relação de poder machista.



SUA PUTA, VACA, VADIA!



Três expressões muito curiosas. Todas são dadas as mulheres que, de alguma forma, "exarcebam" sua sexualidade e que, por preconceito em nossa cultura "não podem". Mas, quem disse que elas não podem? O mais engraçado é que, no dia-dia, são palavras que ofendem mas na cama, são palavras que "excitam", principalmente as mulheres que aprenderam a viver como inferiores aos homens e nem tem noção desta alienação. Claro que a sexualidade é bastante complexa e a prática de relações de submissão e dominação nos acompanha deste nossas origens. A idéia para pensar aqui é que estes (e os outros) palavrões passam pela sociedade que a utiliza uma MENSAGEM para esta MESMA sociedade sobre um problema muito maior do que parece. Seu resultado final é vista na absorção destas "verdades" na personalidade das mulheres que acabam, mesmo sem saber, passando isso para frente.



SEU VIADO! SUA BICHA!



Por erro da humanidade, no início da ciência contemporânea, o homossexualismo foi considerado uma doença, um desvio sexual. Em menos de 20 anos, este conceito mudou na ciência mas ficou arraizado na mente das pessoas na sociedade. Assim, ser viado ou bicha é visto como algo ERRADO. Hoje sabemos que não. Mas o palavrão existe e sempre irá existir. E, como os outros, o objetivo é sempre AGREDIR. Chame um homem de viado que ele, para não se sentir inferior, fará tudo para provar ao contrário. É o mesmo do que dizer que alguém é DOENTE. Coisa que não é. Mas, como todo palavrão, com sua idéia "política" (que envolve poder) e existe como fator discriminatório para provar a superioridade de quem o fala.



SEU FILHO DA PUTA



Pegando a descrição do "sua puta, vaca, vadia", a idéia é a mesma mas o foco da agressão muda. A idéia agredir o "filho", nem tanto a mãe em si. E, subjetivamente, passa a mesma idéia da "puta", como a mulher que transa com quem ela quiser, como se não pudesse fazer isso (coisa que muitos homens fazem) . No caso da puta que faz programa, também existe um menosprezo da "profissão". Muitos criticam, falam mal das prostitutas, mas não tem idéia da situação de vida que elas tem para chegarem a fazer isso. Mas ai, a questão é puramente social, embora como palavrão, tenha seu conceito discriminativo e preconceituoso. Existem prostitutas que tem família, criam filhos e vivem dignamente. Porque não?



BOCETA. PAU. TORA. CÚ. RABO. TETA. XAVASCA. E tantos outros...



Todos são palavras "obscenas" criadas ou DERIVADAS de uma sociedade onde não se fala (ou se falava) de sexo abertamente. Quando um desejo, e o desejo sexual explica bem isso, é "freiado", o ser humano utiliza-se de "válvulas de escape" para "liberar" toda essa energia reprimida. Estas palavras com cunho sexual, chamadas de palavrões, exemplicam muito bem este mecanismo de "escape". Talvez por isso estas palavras, na cama, façam alguns se excitarem mais ainda durante o ato sexual, afinal, junto com a palavra, estão liberando sua sexualidade reprimida.



Finalizando, assim como estes e outros palavrões (e são muitos), todos são carregados de valores, idéias preconceituosas e que se proliferam na sociedade. Ninguém pode evitar, nem é intenção, mas entender como funcionam, eles e nosso mundo ao redor, é tarefa de todos.



Afinal, os palavrões são apenas um produto de uma sociedade mal resolvida com sua própria sexualidade.



Fabrício D. Viana







Obs: Livro que li, que citei no início e que recomendo é "OS PALAVRÕES" de Ariel C. Arango.









* Fabrício D. Viana (www.fabricioviana.hpg.com.br) é bacharel em Psicologia, trabalha com Internet desde 1995 passando por empresas de tecnologia e recursos humanos.





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui