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Artigos-->Quem somos nós -- 14/11/2000 - 23:38 (Mauro de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUEM SOMOS NÓS ?





Quando saberemos quem somos , o que queremos, para onde vamos e se ainda somos?

Chamam-nos de classe média, então deveríamos estar no meio. Quem está no meio recebe um pouco ou dá um pouco a cada lado. Nós porém não estamos no meio. Estamos abaixo dos grandes e coagidos pelos pequenos. Enquanto um nos esfola, o outro nos tira. Nós fazemos parte do grande público que paga impostos, trabalha e que tem o direito de viver enquanto tiver saúde e não precisar do poder público a quem reverenciamos e pagamos para isso. Somos a força de trabalho até enquanto não completamos 40 anos. Daí em diante seremos párias da sociedade, taxados de improdutivos, incompetentes e desatualizados. Se nos conservamos no emprego por mais dez anos continuamos a ser privilegiados. Caso contrário estamos perdidos. A aposentadoria não chega a 50% do salário para o qual contribuímos durante 35 anos. O grande executivo estará executado a partir dos 40 anos. O trabalhador da empresa privada, é privado de todos os direitos para os quais contribuiu a vida toda.

O governo alardeia a reforma da previdência para acabar com os privilégios. Os mentores da reforma já se aposentaram antes dos 50 anos ou um pouco mais. Suas aposentadorias são ligeiramente integrais e a maioria deles têm mais de uma, afora algumas vantagens como insalubridade de "gabinete", aulas noturnas ao cair da tarde e comissões de "chefia" etc, etc. Garotos parlamentares aposentados aos oito anos de mandato . Como dizia o Oiticica "Pátria Amada": Os funcionários públicos do alto escalão, sabem tudo a respeito do nada. São formados na desinformação, inigualáveis na incompetência, implacáveis na injustiça. Em seus gabinetes a teoria do carimbo aplicado juntamente com o visto e o sub-visto interino enchem as repartições de afilhados para fiscalizar aposição de carimbos, reconhecimentos de firmas, autenticações e protocolos. A hierarquia do papel é mais importante que o objetivo do trabalho. O caminho do documento segue solerte por todos os carimbeiros , vistadores, juntadores, auxiliares, chefes, diretores e superintendentes. Aí está descrito o caminho da ida. A volta vem acrescida de pareceres contrários ao petitório, por um carimbo omitido ou um visto fora do padrão. - Fique tranqüilo! - Nem tudo esta perdido! - O senhor faça um requerimento em segunda instância que será aberto um processo administrativo contra o carimbador omisso e o vistador desajeitado. Ë tampa na chaleira o senhor ganha! - Dai o senhor dá entrada novamente com toda documentação xerocada, firma reconhecida e autenticada que o processo terá um novo início. Desta não haverá tantos protocolos, sobe direto para a última instancia e entra na fila. É uma questão de tempo . O senhor mesmo , não recebe. A fila é grande.Seus netos no entanto é batata! - eles terão direito, Tranqüilo!

Esse país grande nunca será um grande país,enquanto houver um bando de patifes assaltando no Congresso, legislando em causa própria e chantageando o executivo para aprovações das Reformas necessárias e até honestas. A corja é eleita por uma maioria esmagadora de votos inconscientes. O dinheiro do povo é gasto descaradamente através de propagandas desnecessárias e superfaturadas. Os ladrões de Ofício enfiam na burocracia das licitações com cartas marcadas ,e o preço de um boi é transformado em 10 boiadas. Tudo dentro da lei, dos editais, dos carimbos das firmas reconhecidas e das autenticações. Correm os prazos, votam-se as propostas previamente aprovadas, tudo dentro do rigor que a lei exige. A consciência desses marginais de gravata dormem em tranqüilidade com pijamas de seda pura enquanto muitos de nós ainda batemos palmas pela lisura da operação aparentemente legal.

A distribuição de renda entre os servidores públicos aposentados é extremamente justa: muitos ganham pouco e poucos ganham muito. Mesmo assim, é muito mais justa do que aqueles que se aposentaram como contribuintes da iniciativa privada , onde todos ganham pouco, mesmo aqueles que contribuíram muito. No nosso lado trabalhamos e contribuímos durante 35 anos, alguns sobre o teto máximo, sem direitos a licenças prêmios, férias em dobro e leis de efeito cascata . Quando enfim conseguimos nos aposentar, somos obrigados a mendigar empregos, porque nossos ganhos de aposentados mal dão para nossa humilde sobrevivência . -Recentemente, vi e ouvi o Presidente FHC afirmar que a reforma da Previdência seria para evitar que os ricos tivessem polpudas aposentadorias e os pobres aposentadorias dignas. Ocorre que o próprio, o ex-ministro Sthephanes , o ex-ministro Brito e muitos outros que hoje querem acabar com as mordomias, já estão vivendo delas e nunca pensaram em dar o bom exemplo, renunciando-as pelo menos em parte. Até hoje ninguém falou em melhorar os excluídos do passado que contribuíram pelo teto do INSS e hoje percebem menos de 6 salários; outros que contribuíram três, quatro ou cinco e percebem o mínimo; finalmente todos aqueles que contribuíram realmente para previdência e tiveram o azar de se aposentar até 1995. Depois de tanto "parapá" para fazer o ajuste fiscal que vem repleto de novos impostos, cortes e mais cortes de orçamentos, é aprovado o novo teto máximo, de R$ 12.720,00 que beneficiará diretamente justamente os ricos que o Presidente falou. Não sou contra reformas, acho-as necessárias e imprescindíveis, no entanto elas terão que fazer justiça aos honestos do passado que ainda vivem no presente. Declarações e palavras cínicas, nunca aprovarão reformas, o bom exemplo e renuncia é um bom começo . -

Aí nos deparamos com as contradições do país grande. Um país com tanta terra e cheio de sem terra e que só receberá a terra quando estiver imóvel no latifúndio de 9 palmos. - Um grande país em que o poder público privatiza suas grandes empresas, e acaba privando a população dos seus direitos constitucionais. - Um grande país onde os cidadãos que mais trabalham menos recebem e onde a renda total da maioria é muito menor que renda total de uma minoria. - Um país grande onde a justiça é tão pequena, mas recebe os grandes salários e comete as maiores injustiças.- Um país grande que acaba com a correção monetária , congela os salários, derruba a inflação, acaba com pequeno agricultor e a pequena empresa. Admite no entanto, que governos estaduais e municipais aumentem impostos em mais de 100% em um ano cuja inflação não chegou aos 28%(IPTU,IPVA).no ano de 1996 - Um país grande onde os sem teto quando aposentados têm um teto de R$ 130,00 para sustentar toda a família. Já os aposentados que contribuem pelo teto, terminam vendendo o único teto para tentar sobreviver. - Um país grande de pequenas reformas, sujas e compradas a peso de ouro. Muito mais grave, a prioridade das reformas: primeiro reformam como gastar e depois reformam como ganhar. - Um país grande que para acabar com a inflação acabou com a classe média, com o emprego e ainda conseguiu um déficit mobiliário pagando os maiores juros da história universal. - Um país grande, com um Congresso maior que ele, apinhados de engravatados onde o currículo da honestidade é reprovado aos olhos de qualquer brasileiro que ler jornal. Um país grande, que grande como ele só tem os escândalos, roubos do dinheiro público, miséria e dívida social. Finalmente um país grande que não tem grandes homens, mas homens grandes e que por isso jamais será um GRANDE PAIS. Neste final lembramos das palavras de Churchil quando toda Inglaterra estava contra ele, e cabe agora para o nosso país grande: "O governo simplesmente não consegue se decidir, ou não consegue fazer que o Parlamento decida. Assim ele prossegue num estranho paradoxo, decidido apenas a ficar indeciso, resolvido a ser irresoluto, inflexível na inação, firme na inconstância e onipotente para ser impotente. Não há erro pior na liderança pública do que alimentar esperanças que logo serão frustradas.



E aí perguntamos : Quem somos? Para onde vamos? Será que ainda somos? Vivemos? Sonhamos? ou brincamos de ser brasileiros, idiotas, eternamente idiotas...



Mauro de Oliveira

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