Dias desses, resolvi fazer uma limpeza em meus alfarrábios, pois tenho a mania de guardar recortes de jornais, revistas e tudo o que julgo interessante. No meio dessa faxina, uma manchete me causou uma sensação de profunda estranheza. O título era: " Suicídio no Japão".
Até aí nada de anormal pois suicídios acontecem no mundo todo, todos os dias , por motivos diversos. No Brasil, as maiores causas de suicídio são o desemprego, a infidelidade e os distúrbios emocionais. Entretanto, esse desafortunado japonês havia cometido o ato extremo, por uma causa completamente diferente. Shokei Arai, ex-funcionário do Ministério da Fazenda japonês, se enforcou em 1998, num quarto de hotel , em Tóquio, "simplesmente" porque havia sido acusado de suborno e atividades irregulares. O seu gesto levou os especialistas locais a se reunirem para discutirem porque tantos japoneses optam pelo suicídio, como saída para situações vexaminosas.Naquela ocasião aconteceram quatro suicídios em menos de um mês,todos pelo mesmo motivo.
Shokei estava sendo acusado de ter recebido uma propina de U$ 230 mil de uma seguradora.
Não é à toa que o Japão fica lá do outro lado do mundo, exatamente na face oposta ao Brasil.
Tirar a própria vida por uma "merreca" dessas, antes mesmo de ter sido condenado, é algo que nunca passou pela cabeça de nenhum personagem de nossa desvairada política.
Na tradição japonesa, as principais razões para alguém se suicidar são o arrependimento e o intuito de provar a sua integridade perante a família e a sociedade. No caso do Sr. Shokei, havia apenas a suspeita, que estava apenas começando a ser investigada. Em nosso país, se a moda pegasse, haveria uma onda sem precedentes de suicídios em massa , porém por aqui isso é totalmente inviável. Esqueçam!
Nossos corruptos são freqüentemente flagrados com a mão na botija, com fartas evidências e tudo o que fazem é convocar a imprensa e se proclamarem vítimas de um "complô", um linchamento político e que um dia a verdade prevalecerá sobre todas as "ilações" . Choram, esperneiam, passam mal, e se os argumentos não convencerem, mudam então a versão, quantas vezes necessário for , na esperança de que uma delas venha a colar. Se não der para explicar, e nunca dá mesmo, a estratégia então é confundir cada vez mais a opinião pública
A possibilidade de um corrupto brasileiro se suicidar é nula, inimaginável.
O único suicídio praticado na " Terra Brasilis", é o "suicídio eleitoral", muito a contragosto, embora o mesmo permita ao infrator, o milagre da "Ressurreição".
Coisas do Brasil.
Maurilio Silva
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