Inacreditável como a realidade consegue alcançar, e em muitos casos, superar a ficção.
Há poucos anos atrás , a indústria cinematográfica americana produzia filmes , onde a marginalidade tomava de assalto cidades inteiras, com a população completamente a mercê das gangues. Filmes como os do Charles Bronson, onde o protagonista resolvia tudo fazendo justiça com as próprias mãos.
Naquela época eu ficava imaginando que horrível seria viver num lugar daqueles, onde a lei era apenas um mero detalhe burocrático, sem o menor valor e onde o crime era quem realmente ditava as regras aos cidadãos, sem opção de amparo pelas autoridades competentes.
Esse quadro era criado pelos estúdios hollywoodianos, que brincavam com a ficção, certos de que aquilo jamais lhes aconteceria na vida real. Mal sabiam eles que estavam alimentando de informações o imaginário de minorias marginais, que se pós-graduaram através das técnicas usadas nos filmes de sequestros, audaciosos roubos a bancos, sequestros de aviões, tudo bem explicados passo a passo.
No Brasil, a marginalidade se aplicou e conseguiu um progresso fantástico. Nada evoluiu mais em nosso país do que a bandidagem e a indústria do seqüestro . Os nossos meliantes estão mais bem aparelhados do que qualquer polícia do mundo. Enquanto as polícias se digladiam em questões internas, como a fusão entre PM e Polícia civil, os marginais se uniram em partidos, comandos e facções, com centrais telefônicas, auxílio funeral e outros incentivos que o pobre trabalhador não tem a disposição.
A sociedade está enjaulada, acuada e indefesa. As autoridades tentam contra-atacar operando um arcabouço legislativo arcaico, emperrado e cheio de vícios, que nos faz chegar a triste conclusão que no Brasil o crime compensa. A cada bandido preso, cabe à sociedade arcar com as despesas de sua reclusão, alimentação, até que o mesmo consiga fugir outra vez e investir contra esses mesmos cidadãos responsáveis por sua manutenção. È o mesmo que criar cobras para depois ser picado.
As autoridades não querem admitir , mas já estamos em meio à uma sangrenta guerrilha urbana , onde o povo está refém do terror. O sistema penitenciário faliu. Os presídios são verdadeiros "fóruns do terror"; porto seguro para que os "Big Shots" da contravenção possam articular ações criminosas contra a mesma sociedade que os veste , alimenta e banca a sua ociosidade.
Os evangélicos eram uma luz de esperança, um braços avançado na ressocialização e recuperação de presos através do trabalho missionário dentro das cadeias e presídios, porém até esta porta está se fechando, depois que seitas satânicas surgiram dentro dos presídios, arrebanhando um grande número de condenados, que se sentiram mais fortes e temidos ao enveredarem por esse caminho.
Enquanto isso o governo está preocupado com a sucessão presidencial e as alianças políticas. Afinal de contas, os parlamentares moram em luxuosas mansões, de muros altos, cercados de seguranças, circuitos internos de TV e outros recursos.
A nossa sociedade é vítima de uma "guerra" não declarada ,num país onde os bandidos saem em comboio de dezenas de possantes carros importados roubados, armamento sofisticado, granadas, bazucas, lança-mísseis, atacando quartéis e delegacias, possuem centrais telefônicas sofisticadas com atendimento 24horas, invadindo aeroportos, hospitais, fazendo audaciosos resgates dentro de presídios com helicópteros e outras façanhas inimagináveis há alguns anos atrás .
Autoridade nenhuma reconhece o "estado de guerra" vigente, já que nessa batalha campal, a iniciativa do ataque pertence aos marginais e não à polícia. É a polícia que está sendo fustigada e acuada.Os marginais, esses sim já declararam guerra às instituições e ao poder público. Em tempos passados a função da polícia era defender a sociedade, agora ela está mais preocupada em se defender, já que está sendo exaustivamente atacada. Se por um lado o Mercosul ainda não emplacou, por outro lado os nossos bandidos já trabalham em convênio com guerrilheiros colombianos, atravessadores paraguaios e terroristas chilenos, num verdadeiro "Joint-Venture" que tem dado muitos "bons frutos" para o desenvolvimento de uma política terrorista internacional.
Que me perdoe a Igreja e seus clérigos, mas alguma decisão mais drástica terá de ser tomada para estancar essa escalada de terror a que estamos submetidos. Não há solução pacífica à vista. Se alguém tiver uma solução pacífica e indolor , então leve-a urgentemente às nossa autoridades, mas lembre-se que tudo isso depende de decisão política , e nesse caso então cairemos novamente naquele monótono circunlóquio de leis ultrapassadas, tribunais atopetados de processos, falta de verba, polícia desaparelhada e mal remunerada, falta de vontade política.......etc.
Cada escândalo político terminado em Pizza, faz com que os marginais se sintam com o aval necessário para cometer as suas atrocidades, sem o menor drama de consciência, já que roubos, tramóias e maracutaias são fatos correntes entre a casta dominante, aqueles que deveriam dar o melhor exemplo. O quadro que estamos presenciando é simplesmente a resultante dessa onda de corrupção e impunidade , que vende a imagem do Brasil ao mundo, como se fossemos uma daquelas "Republiquetas de bananas", vista em muitos filmes , onde não se pode recorrer às autoridades, sob o risco de estarmos pedindo ajuda ao Chefe dos ladrões.
Não dá mais para esconder o lixo debaixo do tapete. Vamos partir para um debate amplo com a participação de toda a sociedade, reformulando as nossas leis e banindo do cenário político as figuras que estão arruinando a nossa nação e enriquecendo cada vez mais às custas do suor e sofrimento de nosso povo desprotegido.
O Brasil deixou de ser o País do futuro, para ser o país da desesperança.
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