De passagem pelo Maranhão ,a cerca de uns dez anos, acompanhado de um amigo e sua esposa, dirigi-me à Praia do Calhau, famosa por ser o local onde mora a família Sarney. Ao chegar ao local, sentamo-nos em um bar, de bom aspecto, e começamos a tomar uma cerveja e escutar umas músicas vindas de caixas de som, estrategicamente localizadas. Lá pelas tantas, a mulher de meu amigo sentiu necessidade de ir ao banheiro. Chamamos o garçom e perguntamos onde havia um toalete disponível para uma dama. O garçom se desculpou e disse que a casa não possuía banheiros e que se quiséssemos deveríamos ir até um tapume de madeira montado na areia, onde homens e mulheres disputavam à tapa uma vaga na fila única dos desesperados. Enquanto a mulher se aliviava atrás do tapume, o marido deveria fazer o papel de Leão de Chácara, a fim de evitar que sua mulher fosse vista em posição desfavorável. As necessidades eram feitas sobre a areia, sem nenhum saneamento básico. Isso tudo a poucos metros da luxuosa mansão dos Sarneys.
Em virtude de tal situação, fomos obrigados a interromper a programação e tomar um táxi que saiu em desabalada carreira, tentando chegar o mais rápido possível ao hotel, onde finalmente a esposa do colega pode finalmente atender ao urgentíssimo chamado fisiológico.
É de conhecimento público que o Estado do Maranhão carece de saneamento básico e outras necessidades e que na periferia de S. Luiz a situação raia as barras do inconcebível.
A realidade maranhense nos remete a certos pontos da Índia, ou mesmo da África, onde o poder é exercido por uma minoria privilegiada, as castas, sem grandes possibilidades de mobilidade social; restando à minoria, o alento de uma tarde de muito “Reagge”, nas praias ensolaradas ,sem a menor infra-estrutura . Novamente a política de “ Panis et Circensis”( Pão e circo para a plebe), muito usada na Roma Antiga é aplicada com sucesso no Brasil.
Não tenho conhecimento se a situação aqui relatada ainda permanece a mesma, mas de qualquer maneira foi inadmissível um episódio desse em frente à casa da família mais rica do Maranhão, cujo chefe do clã já havia exercido um mandato presidencial . Com certeza os altos muros da mansão dos “Sarneys”, impediram que fatos como esse chegassem a seus olhos, ou então estavam demasiado ocupados com a feitura do “Best-Seller”(?), “Marimbondos de Fogo”, responsável pela entrada do Sr. José Sarney nos quadros da nossa Academia Brasileira de Letras.
GOD bless Maranhão, ou Deus abençoe o Maranhão
Maurilio Silva
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