"É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, crueldade e opressão."
Constituição da República Federativa do Brasil, art 227, 05/10/1988.
LAMA, SOL E DRAMA
Lá, onde os tijolos fazem pilhas...
Tudo é lama, sol e drama...
Lá, onde o sol rebrilha em chama,
Um menino bate lama...
Bate lama na olaria...
Bate lama noite e dia...
Lá, o sol é escarlate.
O escarlate bate... Bate...
Bate forte no menino.
O menino bate... Bate...
Todo dia bate lama...
O menino bate,
o sol rebate o escarlate...
O escarlate bate forte...
Bate forte... O menino bate...
Todo dia bate lama...
Sol e lama, lama e sol...
A rotina desse drama...
Coitado do menino!
A cidade o esqueceu.
Bate lama... Faz tijolo pra doutor...
Não tem casa, nem carteira...
Não tem eira, não tem beira...
Não tem porta pra bater...
Só o sol... Vem e bate, bate...
Bate e queima... Bate... Esfola...
Sem escola... Sem registro...
O sinistro é seu andor...
Coitado do menino!
Sem seguro... Sem futuro...
Hoje a lama é sua cor...
Operário do tijolo,
Sem salário, sem consolo...
Escravo do suor...
Coitado do menino!
Não reclama... Bate lama...
A cidade não o chama...
Sua vida é lamaçal...
De janeiro a janeiro...
Bate lama... Bate igual...
O mês é fevereiro...
Um pandeiro bate longe...
O menino bate lama...
Bate lama no quintal...
Coitado do menino!
Bate lama... Bate lama...
Outros fazem Carnaval!
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