Somente agora pude ler os artigos relacionados à questão da fotografia ser ou não arte. Como coloquei em favoritos o site, e a página inicial está em manutenção, não conseguia acessar a Usina.
Quanto à afirmação de Denison de que o cinema é filho da fotografia, por ser o mesmo uma seqüência de fotografias em movimento, com os cortes e tomadas cuidadosamente definidos de acordo com os propósitos do cineasta, etc., a princípio discordo.
Não sou especialista em artes. Aliás, não sou especialista em assunto algum, apenas gosto de questionar muito a natureza de todas as atividades humanas, e a arte é uma das que mais estranheza me causam por sua extrema indefinição quanto à utilidade e necessidade dela na existência humana.
Alguns filósofos são unânimes em classificar a arte como a mais superior das atividades humanas, em oposição ao pensamento platônico sobre o mesmo tema, porque, oriundas do espírito, são em essência superior à realidade material criada pela natureza, na qual, em última análise, nenhuma inteligência há quando se analisa os elementos materiais que a compõem.
Como não sou filósofo, tenho liberdade de discordar de todos ou concordar em parte com alguns deles. Antes, pergunto: a arte é a mais sublime das atividades humanas, senão por aquela razão inicial, porque revela a harmonia em sua mais perfeita manifestação, ainda que meramente fruto da inteligência, inspiração e aspiração do artista? Como assim? Vejamos o caso das artes plásticas. O pintor que retrata fielmente uma paisagem está tomando aquela dada realidade para imprimir na mesma uma nuança de sua personalidade, uma transferência mental daquilo que ele gostaria que fosse o mundo? Em outros termos, qual o principal objetivo de um artista senão o de modificar a realidade com aquilo que lhe move interiormente muito mais do que simplesmente reproduzir um aspecto material do mundo em que vive.
Quando Rodin esculpiu o pensador, o que o motivava interiormente? Quando Da Vinci pintava Monalisa, o que o inspirava? Quando Shakespeare produziu Hamlet, qual intenção lhe premia a mente? Quando Johan Sebastian Bach compunha a Suíte nº 03 - Ária, havia o que em seu coração a elevá-lo a esse estado pleno de inspiração, no qual produziu a mais bela música que já ouvi?
Deixo a seguinte questão em aberto: qual é a intenção do artista na criação, que objetivos tem em mente? As respostas dos colegas da Usina certamente esclareção minhas dúvidas, possibilitando que eu volte ao tema em outros artigos.
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