Em termos de ética representativa ao delicado e melindroso nível de topo nacional, Filipe Scolari, de escudo português ao peito, vende relógios através da televisão, inserido num daqueles tipos de publicidade à americana que nos invade os televisores de madrugada.
O relógio, segundo a prosápia debitada, é uma daquelas exemplares máquinas que até funciona a 20 metros de profundidade, uma jóia raríssima, com a exclusiva marca da Federação Portuguesa de Futebol e a prestigiada assinatura do famosíssimo seleccionar que os brasileiros, por ser muito meiguinho e dócil, cognominaram de "Sargentão".
Não sei se os portugueses estão perante o princípio ou o fim da macacada. Só sei que, em face da crise que os ventos impõem, é um "ver se te avias" a encher os bolsos de qualquer forma e feitio, apesar dos privilegiados honorários e regalias de um trabalhador futebolístico.
- A 20 metros de profundidade debaixo de água? Não é preciso tanto. Bastará tão-só a sete palmos e apenas, mesmo que apareça uma pocinha ou outra, o "morto" possa saber com exactidão o tempo da eternidade...
Oi... Querido São Pedro... Que horas são agora aí?!...
António Torre da Guia
PS:Oh... Não façam caso destas lamúrias. Eu sou, sim, um invejosinho imbecil que, se também fosse "sargentão", em lugar de relógios de pulso venderia provavelmente relógios para cabeceira de jazigos. Através dos tempos, até com comida têm enterrado os mortos e nunca lhes forneceram um providencial relógio para eles saberem as horas das refeições. Patifes, que falta de sensibilidade: sequer um relogiozinho de sol, que é só uma pedrinha com fenda, disponibilizaram aos famintos falecidos. |