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Artigos-->Uma pausa de mil compassos -- 21/06/2004 - 10:25 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Morreu no dia 10 de junho, por insuficiência respiratória, a compositora Maria Rosa Canellas, nascida em 30 de julho de 1941. "Ela toca por uma cidade inteira" - assim se referiu a ela o jornalista e também compositor Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, abordando a maestria da artista, que ele batizou de Rosinha de Valença - referência à cidade onde nasceu.



Aos 12 anos, tocava em bailes e acompanhava cantores na rádio de sua cidade natal. Quando foi para a capital fluminense, em 1963, despertou a admiração de outro violonista consagrado, Baden Powell, que a ouviu na boate "Au Bon Gourmet". Dois anos depois, excursionou nos Estados Unidos com o conjunto Brasil 65, de Sérgio Mendes. Gravou dois discos em terras norte-americanas. Apresentou-se também na Europa, em Israel, países africanos e União Soviética.



Sua carreira era, essencialmente, de instrumentista. De extremo bom gosto, passeava por todos os ritmos com virtuosismo. Ousada, fez um pot-pourri juntando With a little help from my friends, (Lennon-McCartney), Fiz a cama na varanda (Dilu Mello-Ovídeo Chaves), O meu boi morreu (folclore), Peguei um ita no norte (Dorival Caymmi) e Prenda minha (folclore).



No último período de sua carreira, lamentavelmente interrompida por um derrame cerebral há 12 anos, era acompanhante de Martinho da Vila. Conhecida como a "Baden Powell de saias", Rosinha se engajou, a partir de 1974, na defesa dos músicos brasileiros, acreditando ser "necessária a participação de todo o público para que sejam solucionados os problemas que estão impedindo os instrumentistas de sobreviver". E lastimava: "Não existe programa de televisão musical brasileiro, as boates cada vez mais tocam fitas e o intérprete, cantor ou cantora, normalmente economiza no seu acompanhamento, uma vez que para ele o mercado de trabalho também não está fácil... É nessa realidade que o músico tem que sobreviver".



Encantado com seu Porto das Flores, o compositor alagoano Ricardo Mota colocou-lhe versos, em 1996, quando ela já estava em coma. A família, gratificada, recebeu a versão "com letra" da bela canção.



Violonista por excelência, gravou uma única música cantando. Sintomaticamente, a música era Testamento de sambista (Raul Marques-Alberto Maia), onde a instrumentista canta estes versos:



Qualquer dia vocês vão ao meu enterro

Estou decidida a me acabar de vez

A vida está muito dura

Vou baixar à sepultura para descansar

Quando eu me acabar não quero coroa e nem velas

Peço o obséquio de ninguém chorar

Quero um regional, de flauta e cavaquinho,

Para me acompanhar.

Não aceito pedidos

Estou decidida a me acabar de vez

Nada neste mundo fará pagar o que o destino me fez

E no testamento que eu vou deixar

Ela vai herdar meu barracão

Deixo uns trocados no caixa

E a cautela do meu violão

Também tenho que deixar

Alguma coisa pro garoto meu

Deixo meu anel de sambista

Meu diploma de artista

Que a escola me deu.



Obs.: O título é uma frase de uma canção de Paulinho da Viola.

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