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Artigos-->A fortuna de Saddam -- 28/10/2003 - 10:35 ( Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A fortuna de Saddam





Agência EFE - Uma das partes mais obscuras da ditadura de Saddam Hussein no Iraque é, sem dúvida, a forma como ele e seus seguidores mais fiéis geriram os recursos do país. A opulência de seus palácios e a ostentação de sua família mostram que os membros do agora extinto regime não tinham quaisquer problemas financeiros ou mesmo medo de ofender os empobrecidos iraquianos com seus gastos exorbitantes. Como é comum na história das didaturas absolutistas, Saddam sempre usou o dinheiro iraquiano como se fosse seu, mas ninguém sabe ainda onde está o dinheiro desviado por ele ou como recuperá-lo e devolvê-lo ao país.



A empresa de pesquisa norte-americana Kroll Associates calcula que, desde 1981, o ditador e seus aliados podem ter desviado a astronômica quantia de US$ 200 bilhões, ao passo que a fortuna do ditador é avaliada em US$ 2 bilhões, segundo a revista Forbes, e em US$ 7 bilhões, segundo o Departamento de Estado dos EUA. As somas astronômicas são explicadas pela riqueza do Iraque, que detém a segunda reserva mundial de petróleo.



De acordo com um estudo realizado pelas pesquisadoras espanholas Carlota García Encina e Alicia Sorroza Blanco, a principio o "ouro negro" sustentava o regime legalmente, mas o país foi empobrecendo aos poucos, graças a uma ditadura que primeiro o submeteu a uma guerra com o Irã, depois a uma invasão ao Kuwait e, posteriormente, a um embargo das Nações Unidas. Assim começou um ciclo muito favorável a Saddam Hussein: o contrabando de petróleo, que permitiu ao ditador embolsar quantias que jamais poderão ser rastreadas.



O embargo



No início dos anos 90, após uma tentativa de invadir o Kuwait, o Iraque se viu no meio de uma crise internacional que culminou com um embargo econômico imposto pelo Conselho de Segurança da ONU. A medida, que impedia qualquer país de comprar ou vender produtos aos iraquianos, deveria valer por um curto período de tempo, até que o regime de Bagdá capitulasse, mas com a resistência de Saddam Hussein ela vigorou por mais de 12 anos.



Diante das imagens de iraquianos sem alimentos e sem remédios, amplamente exploradas pelo regime iraquiano, a ONU ofereceu ao país a possibilidade de exportar petróleo em troca de produtos de primeira necessidade. Apesar da oferta, o Saddam Hussein demorou cinco anos para aceitá-la. As Nações Unidas começaram então a oferecer uma série limitada de produtos, mas, a partir do final da década, já era possível comprar qualquer quantidade de qualquer produto que melhorasse a vida dos iraquianos.



As exportações eram controladas pela ONU através de uma conta bancária no Banco Nacional de Paris. Evidentemente, Saddam Hussein não tinha acesso a este fundo, mas mesmo assim seu governo dispunha de muito dinheiro que, de acordo com fontes internacionais, era obtido através da venda ilegal de petróleo. A movimentação destes "fundos fantasmas" pôde ser observada em obras como a construção de palácios presidenciais, um dos quais custou mais de US$ 2 bilhões. Sabe-se que, através de uma conta aberta na Jordânia em nome da Organização Estatal para a Distribuição do Petróleo do Iraque, o governo recebia de 20 a 70 centavos de dólar por barril de petróleo vendido. Desta forma, Saddam arrecadou US$ 200 milhões só em 2001. Para isso, o ditador mantinha artificialmente baixo o preço do petróleo e assim podia impor sua arrecadação.



Mas a origem da fortuna de Saddam Hussein também pode ser atribuída, mesmo que indiretamente ao programa "Petróleo por comida" da ONU. Conforme o estudo das pesquisadoras espanholas, Saddam controlava a distribuição das mercadorias obtidas no maior programa humanitário do mundo, com um fundo total de US$ 6 bilhões ao ano ¿ seis vezes mais que qualquer operação humanitária já realizada. Apesar disso, o povo iraquiano não tinha alimentos nem remédios e o Governo de Bagdá fazia todo o possível para mostrar à opinião pública o sofrimento que o regime de sanções imposto pela comunidade internacional causava à população iraquiana. "Saddam impôs obstáculos à ajuda das Nações Unidas, ao negar-se a comprar alimentos e remédios suficientes e ao vender para os hospitais particulares, a preços exorbitantes, os remédios que recebia através do programa", afirma o texto A fortuna de Saddam, um segredo para vocês.



Mercado negro



Existem provas de como isso era feito, apesar de o Governo negar. O relatório indica que, por vários anos, a comunidade internacional fechou os olhos ante estas evidências. Diante das falhas no programa, norte-americanos e britânicos articularam, em maio de 2002, a aplicação de "sanções inteligentes" sobre Bagdá, a fim de evitar que os desvios do programa "Petróleo por Comida beneficiassem Saddam Hussein. "A luta entre Bagdá e Nações Unidas pelo controle dos recursos dentro do programa não impediu que Saddam ganhasse a partida no mercado negro. Apesar dos esforços por evitar isso, fracassou-se em impedir tanto a compra de bens proibidos (como armas) como a venda ilegal de petróleo".



Os próprios supervisores contratados pelas Nações Unidas para o programa constataram as rotas e a violação das sanções, mas não tinham autoridade alguma para inspecionar ou deter as cargas. As autoras do trabalho destacam que eram pelo menos nove as rotas pelas quais o Iraque exportava petróleo e por onde entrava produtos de fora do programa humanitário. Turquia, Jordânia, Síria e Irã faziam parte do mapa do contrabando, feito através de caminhões e navios, que cruzavam águas iranianas e kuwaitianas. Mais recentemente, havia sido incorporada à esta rede de contrabando o oleoduto e a ferrovia da Síria, que serve para exportar petróleo para todo o Oriente Médio.



Segundo estimativas consideradas conservadoras, o regime conseguiu, burlando o programa Petróleo por Alimentos, aproximadamente US$ 6,6 bilhões, desde 1997. Evidentemente, Turquia, Síria, Jordânia e outros países se beneficiaram destes contratos ilegais feitos pelas costas da ONU. Por exemplo, um dos filhos de Saddam controlava várias companhias de reexportação de alimentos, remédios, veículos e outros elementos adquiridos dentro do programa humanitário. A receita obtida daí, de aproximadamente US$ 20 milhões ao ano, foi investida na construção de palácios e na manutenção do clã familiar. Enquanto membros do governo, comandantes militares e outros altos funcionários se beneficiavam com milhares de dólares, o salário médio no Iraque alcançava US$ 3,5.







MÍDIA SEM MÁSCARA

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