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Artigos-->RÓTULOS -- 19/10/2003 - 09:43 (Marco Antonio Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem usa rótulo é garrafa.

Mas tem muita gente por aí que não vive sem buscar um rótulo que lhe classifique, lhe identifique, que lhe dê uma idéia do que deve ser ou parecer.

O fato é que os seres humanos não suportam a idéia de ser único, diferente, especial. Querem a todo custo formar grupos homogêneos, por que a heterogeneidade os assusta. Querem ser previsíveis e manter esta previsibilidade em todos que os rodeiam, pois assim será mais fácil dominar e eliminar os riscos. É mais fácil combater o que se conhece do que aquilo sobre o qual nada ou quase nada se sabe: o outro ser humano.

Assim, ao longo dos séculos, os homens têm se esforçado em dividir-se em blocos considerando fatores de aglutinação, muitas vezes fabricados e imposto aos demais, que, por terem medo de assumirem sua identidade particular, vivem à sombra dos estereótipos previamente criados para os identificar.

A primeira forma de classificação foi a de raça, passando daí para a localização geográfica e evoluindo para a dominação de alguma divindade protetora.

Assim os homens se classificariam: Somos egípcios adoradores de Amon-Rá.

Essa classificação foi se expandindo e se fracionando, considerando as profissões, os gostos esportivos, as opiniões políticas, e essas classificações subsidiaram a formação de grupos, muitas vezes antagônicos, dentro de uma mesma sociedade nacional.

Surgiram partidos políticos, classes sociais, religiões, clubes de futebol, e por aí vai.

Hoje, o individuo que viva na porção oriental do continente sul americano poderá se identificar assim: Sou brasileiro, católico, vascaíno, casado, heterossexual, comunista, advogado, classe média.

Quantos rótulos cabem na garrafa humana?

Será que todos esses rótulos conseguem vender o produto que vai dentro do tal individuo?

Será que, depois de tantas identificações, tantos agrupamentos em subgrupos diversos com semelhanças de opinião, ou quase isso, as pessoas estão claramente conscientes de quem elas verdadeiramente são?

A resposta, sem medo de errar, é NÃO!

Não, porque toda esta identificação sistemática denota o desconhecimento que estas pessoas têm de si mesmo, buscando no exterior rótulos, máscaras, fantasias, que lhes sirvam de simulacro da pseudo-identidade que elas querem demonstrar para os diversos grupos aos quais se associaram, que elas fazem parte de alguma coisa, mesmo que essa coisa nem de perto seja o que elas realmente são.

O fato é que as pessoas têm medo da solidão que é perceber que sua personalidade é insignificante, ante sua individualidade, e que essa individualidade é, apenas é, não interessando o que, por que esse QUE não existe além das convenções e conveniências que se constroem durante a vida da personalidade, como uma espécie de conto de fadas, que mantém a personalidade ocupada com um papel que ela tomou para si, sem se questionar se isso era honesto, verdadeiro ou proveitoso para o crescimento individual.

Não que a individualidade seja egoísta, mas, ela tende a ser tolerante com as demais individualidades, se entender que ninguém terá que ser semelhante a ninguém. Entra em jogo a única necessidade do individuo, que é ser feliz. E ser feliz pressupõe o desenvolvimento das virtudes em detrimento dos vícios.

Nós, entretanto, perdidos nas brumas personalísticas, queremos primeiramente TER para parecer, e depois SER para se assemelhar, e não ficar só, porque a idéia de solidão nos afasta do ideal de felicidade.

Não é nada disso.

O desejo de TER é próprio daqueles que já vivem na solidão, e querem se cercar de COISAS para suprir esta falta, que é provocada por sua dificuldade de aceitar qualquer pessoa diferente de si mesmo. A necessidade de SER é uma tentativa patética de eliminar a solidão, própria do indivíduo, moldando pessoas com base em pré-conceitos e pensamentos pré-formulados, que não permitem expansões, nem evoluções, sem que antes haja conflito, pois quem pensa diferente, numa associação de iguais, é eliminado, rechaçado, exilado e isolado, até que os demais membros do grupo, assimilem as novas idéias e as recomendem para todos do grupo, sob pena de novas eliminações, expurgos e exílios, como acontece tanto nas agremiações políticas e religiosas, somente para citar algumas.

A vida é um ciclo sem fim, movido pelo amor, sem outras necessidades que não estejam ligados a isso, mesmo as mais primitivas.

Por AMOR, Deus deu-nos a vida de personalidade, assim como de individualidade. Por AMOR, devemos sacrificar nossa personalidade à nossa individualidade, que por sua vez, também deverá ser dada em sacrifício, somente por AMOR, à divindade que a originou, e assim, completo o ciclo, tudo começa novamente. Entendendo desta forma, maior e eterna, percebemos a inutilidade de todos os rótulos, estigmas, dogmas e pré-conceitos que são criados para suprir a necessidade de felicidade, e acabam por infelicitar gerações inteiras, que se vêm presas nas loucuras e paranóias dos que têm medo de ser apenas. Apenas SER.

Deus, o eterno misericordioso, não estará preso aos rótulos que nos impusermos, para nos conferir a graça do perdão ou a reprimenda pelos erros cometidos na ignorância da verdadeira vida.

Rasguemos os rótulos, esqueçamos as divisões que produzem querelas sem sentido, que trazem para a humanidade apenas dor e sofrimento.

E quanto às garrafas, que interessa se você bebe essa ou aquela cerveja, se o que deseja mesmo é se embriagar?







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Marco Antonio Cardoso
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