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Artigos-->AS RAZÕES DA DESISTÊNCIA DOS GRUPOS DA NET (Actualiz/out05) -- 30/09/2003 - 08:16 (Daniel Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESPEDIDA DOS GRUPOS E VOTOS DE FELICIDADES

Daniel Cristal



O meu afastamento dos Grupos da Yahoo, não deve fazer estranhar ao ciberleitor que esteja minimamente atento ao percurso empreendido na NET em Agosto de 2000, até esta data. Três anos e meio de alegrias e tristezas. Dou neste momento por encerrado o percurso, e anuncio-o. Comecei a ser activo neste espaço virtual num Website aberto a quem quisesse postar poesias e textos, sem moderação nem critérios de selecção nessa ocasião por indicação informativa de Isabel Coutinho (Jornal Público). Pouco depois, pela diligente e simpática influência e condução da Célia Lamounier principiei a colaborar na Lusofonia, Vânia Diniz, e fui depois convidado para os Grupos: Redescobrir, Recanto das Trovas de Luís Delfino, Portiko, Amantes da Liberdade, AmigosVersoeProsa (de Heraldo Lage), Ateneu, Maytê (onde não cheguei a colaborar), Notívaga Noturna, Amor e Magia, Amizade e Namoro, e ainda numa dezena de Grupos eclécticos e místicos. Aceitava então convites e não me oferecia a nenhum. Em quase todos encontrei resistências à crítica, ao comentário, à observação sobre o que é a Poesia. Quando se tratava de definir Poesia, amar e cultivar a Arte que lhe é inerente, comentar a aparência que lhe dão, aparecia logo o grito estridente de Ipiranga, na forma de Abantesma, ave rara, tropical, arara ou papagaio colorido, uma barafustação ensurdecedora, adorada por aqueles que gostam de se defender gritando e insultando, e pegam logo na pena (teclado) para dizer que são os mais infelizes deste mundo, os mais vexados do Universo, que querem e aspiram ao amor da sua vida, que choram lágrimas de sangue esborratando todo o texto, ou então que se orgasmam por "dá cá aquela palha!".



De nada adiantou dizer que «ser poeta não se ensina nem se aprende». Ou se é, ou não se é; quer se adopte o versolibrismo (QUE TAMBÉM PRATICO), quer se adopte a clássica estrutura, poetar é coisa evidente e reconhecida por quem lê, e não por quem escreve. Passei em alguns casos, dois deles pelo menos a ser o «machão» da Net, o detestado ESTUPRADOR e até depredador de donzelas e mulheres ávidas de apetites feministas, o desmancha-prazeres da ostentação peneirenta e pavoneadora, terror para toda a mediocridade subserviente que aí reina, e faz tenção e presunção de assim ser por muito tempo. Em alguns grupos não há Literatura, há sim uma espécie de sala de chá, parecida com o "chat" da vida cor-de-rosa; porém, como este nome "chat" demonstra baixa formação e lugar de engate, então foi criado o grupo com a aparência de que é literário e artístico, mas não é mais do que "chat" mais refinado, onde todos batem palmas à palhaçada carnavalesca de pretensões e vaidades exibidas.



Apesar de tudo o que venho defendendo, quase sempre distorcido pela maldade do ressaibo, não ouvem o que afirmo: SEM O CONHECIMENTO E RECONHECIMENTO DAS REGRAS ESTÉTICAS E TEORIAS LITERÁRIAS, o Poeta não navega no Oceano com a bússola e o sextante, tendo por objectivo o domínio das velas e dos ventos, mas antes e pelo contrário, cavalga para o naufrágio da desilusão e irreconhecimento. Isto assim dito não é entendido pela deformação ou pela ignorância do acto ou do facto literário. Acham, ao invés, que a espontaneidade, o jorro, são suficientes, o grito, o chilreio, o choro são textos cheios de beleza poética. E não são, não, nunca foram e aposto que nunca serão. Até a arte "naïf", é essa uma autêntica arte que se aproxima do impressionismo, contudo, arte, porque obedece a normas e regras, e não é tão "naïf" como o nome indica. É paradoxalmente ao nome com que se define, bastante sabedora do que faz, e destarte é apreciada.



O versolibrismo é também Poesia contida e regrada. Os efeitos surpreendentes de novos ritmos, novas cadências a embelezar as estrofes ou os segmentos frásicos recortados, não são produtos milagrosos do acaso. São, pelo contrário, conscientemente elaborados, frutos de estudo, de pertinaz trabalho criativo, árduo às vezes, e não são produto preguiçoso do improviso, ou estado de alma fogueado na expiração ou acotovelamento ocasional. Nem é trabalho mediúnico ditado por forças estranhas sem mais originalidade possível. É, outrossim, a voz duma voz única, duma mestria suada, dum talento e dom bem vincado na idiossincrasia peculiar, radicada no génio surpreendente, impossível de plagiar ou imitar, porque trai facilmente o plagiador.



Ao trabalhar a Arte Poética, como qualquer outra Arte, o esteta considera como seu dever de Mestre tornar - não só belo o conteúdo, como também o seu contenido. A substância pesa tanto quanto a forma. Não pode haver desequilíbrio, e se o houver o produto é deficiente, disforme, falso, repulsivo ou desagradável, desarmonioso. Em toda a matéria há uma forma que o contém e a suporta. Isto que digo, é básico, inultrapassável, não tem discussão e se a tiver é ridícula e pueril.



Ora bem, por defender estes pontos de vista, os preguiçosos mentais e os(as) diletantes queirosianos(as) tentaram o massacre da minha pessoa nos Grupos. E consequentemente vim a desistir deles depois de algumas polémicas na Lusofonia, na Vânia, no Ateneu, no Redescobrir (aqui fui expulso e reconsiderado novamente, veementemente solicitado para regressar, e depois novamente banido em atitudes que só denotam uma falta de Ética surpreendente e repulsiva), e exactamente a mesma coisa aconteceu no Portiko; no AmigosVersoeProsa (agora da Delasnieve) fui impedido de exercer o meu direito de resposta e barrado à falsa-fé para vergonha e mancha ética eterna de quem o fez. Isto aconteceu depois de Heraldo Lage me ter aberto todas as portas e me ter tratado como o Príncipe da Poesia (como ele chamava), e que ele não queria perder de modo nenhum (editando aí fantásticas e belíssimas formatações de poesias minhas) . A Delasnieve, muito "sábia e moralista" deitou-as ao lixo. Deitando-se arrastada com ela ao lixo também, pois que cabe nela o lixo que produz em boa dose. Saída do Grupo essa senhora, e retomada a direcção do Grupo por Heraldo Lage, tendo-me convidado a regressar, viria este a excluir-me infuenciado por outra moderadora, uma pérfida senhora chamada Fátima Cardoso, que diz também fazer versos, irreconhecidos; esta andou, andou, insultou-me em PVT, invectivou-me, armou ciladas, e muito reptilmente conseguiu convencer Heraldo a expulsar-me. Não me fez diferença nenhuma a expulsão. Eu não perdi nada, alguém terá perdido, mas nunca eu certamente. Estive lá para dar e nunca para receber fosse o que fosse em troca, muito menos em aprendizagem.



Há por aí outros Grupos, onde domina a sobranceria e a jactância que ofendem e difamam incrível e covardemente, pelas costas, e sem conhecimento dos visados. Verdade constatada, seja dita sem ofensa : o Brasil espelhado nos Grupos não tem tradição polémica. É muito maneirinho e adocicado e teme ferir, teme o confronto de ideias, teme a inovação pelo debate, pela tertúlia. Esta palavra é portuguesa, tipicamente portuguesa. A mais feroz e violenta foi a que fez vingar a QUESTÃO COIMBRÃ, onde se bateram pela argumentação inteligente, e também pela ironia e pelo sarcasmo, conceitos estéticos passadiços defendidos principalmente por Camilo, e a inovação defendida brilhantemente por Eça de Queirós, além de outros Mestres: Ramalho Ortigão, Antero de Quental , Oliveira Martins. Houve na disputa estética até ameaças de bengaladas, que por acaso, e só por mero acaso, não se concretizaram. No Brasil isto deve ser visto como movimento bárbaro. Mas não é nada; no plano ideológico e estético nada é bárbaro, é, pelo contrário, até propedêutico, purgador, curativo. O mundo só dá avanços significativos pelo confronto ideológico. Sem ele, tudo é lasso e vadio, como a moral que defendem, e contra a qual gritam sem saber que merecem esta sociedade, porque são iguais aos prevaricadores e como eles deformados, e ao mínimo incidente defendem a mentira e a impostura.



De modo que, em consciência, e pese muito embora a excelente conduta do AMANTES DA LIBERDADE, Grupo que tem primado pela atitude consentânea com o nome escolhido, sendo o único que é amante da liberdade incondicional e íntegra, com uma moderação bem alicerçada eticamente, considerado o mais distinto de todos os Grupos cibernáuticos, esta minha anunciada retirada dos grupos não pode trazer nenhum espanto a quem me lê e me conhece.



Será salutar para mim especialmente a retirada. Será motivo de paz, de tranquilidade, e a melhor solução que neste momento tenho ao dispor. Continuar seria desgastante e motivo de intermitentes desacordos, estando sujeito ao vilipêndio e à iniquidade. Desejo, todavia, apesar do sucedido, a todos os grupos um convívio informativo e formativo, que melhore a conduta de todos os membros, e não o pânico e o desassossego quando alguém discorda e quer entrar em polémica por questões de tratamento estético tão-somente. Que os aprendizes ganhem a postura da aprendizagem feita com humildade!



Grupos para mim, acabaram. Se mantenho uma ou outra subscrição em movimentos néticos, escassamente me manifesto. Quando o faço é em última instância para dar um toque breve de elegância e de bom trato, pois pouco tempo me sobra para o ensino, o esclarecimento, o diálogo e a informação. Não quero ser magoado por má interpretação e falta de educação e formação. A aleivosia, a inveja, a crítica medíocre e acintosa, por mais ardilosamente mansas que sejam, começam a prejudicar muito o estado dos meus espírito e corpo.



Efectivamente, se me disserem que sou esteta falhado e me apontarem defeitos de formação e de criação, inerentes à forma como trato a Poesia que produzo, eu tenho a obrigação de aceitar o veredicto e procurar melhorar nos pontos realmente convincentes. E porque estou verdadeiramente convencido que não há nenhum esteta que não tenha a humildade de aceitar as vozes de quem sabe o que diz, eu direi mesmo que o artista ficará agradecido se ouvir a voz da razão na senda que lhe cabe: a de provar que aprendeu, e dessa aprendizagem fez e faz o melhor proveito pela obra produzida no seu estado mais maduro, seja no início, seja a meio, seja nos finais do seu percurso operativo. E mais direi: teorizem, só assim atingirão a Mestria! Alicercem a vossa obra com uma dose de conhecimentos, de teorias modernas e antigas, avancem por novas vias de expressão, se o vosso talento conseguir traçar o vosso próprio caminho, mas com consistência alicerçada, expondo as razões que favorecem novas estéticas por vós defendidas. Assim, construirão o vosso espaço no tempo actual.



E assim me despeço: felicidades, muita paz e alegria, muita aprendizagem feita com humildade e compreensão,



Armando Figueiredo (Daniel Cristal)

29.08.2004
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