Hoje resolvi ligar para uma amiga que está distante. Distante pelos quilômetros. Unidades métricas que às vezes nos separam de nossos afetos.
Nós nos sentimos espertos por uma boa nota na escola. Por darmos conta de ‘nossos narizes’. Por termos sobrevividos a tantos desafios e estarmos com 15, com 20, com 30 ou 40 anos sentindo que a vida começa a cada instante.
Outras vezes, alguns de nós adormecemos entorpecidos pelo distanciamento que sente, também dos afetos, que dormem e trabalham ao lado.
Seriam duas realidades? Três realidades? Seriam mil realidades ou apenas uma só realidade que nos abraça para embalar nos encantos da vida ou para nos manter aprisionados em nossos ‘achares’ e ‘quereres’.
Nenhuma palavra vai nos libertar dos grilhões do juízo fácil que fazemos dos outros. Da mesma forma, palavra alguma nos aproxima daqueles que já nos são caros.
- Eu te amo!
- Eu te odeio...
- Não quero mais ver você.
- Estou com saudades...
As palavras formam frases com vários sentidos em nossa vida e poucos se dão conta de que, na maioria das vezes as empregamos vazias.
Uma discussão, para mim, mais parece uma queima de fogos de artifício num Final de Ano. Apesar de conhecermos todo o conteúdo dos fogos empregados não sabemos bem os desenhos que eles formarão no céu e as imagens que eles gravarão nos olhos daqueles que direta ou indiretamente participem do espetáculo.
Podemos conhecer mais, conhecer menos ou desconhecer totalmente a pessoa a quem dirigimos a palavra.
Se percebermos que a palavra é apenas um meio de contato entre pessoas e não um ‘formulário de significados’ poderemos então comunicar, entre palavras, o que é e o que não é dito.
Na minha ligação de hoje, falei e ouvi a voz dela bem pertinho... Do outro lado da linha.
Pude sorrir porque para nós, a palavra era apenas uma expressão do que nos unia.
