Desta vez eu não tinha desculpa. Eu estava lá em Porto Alegre e não centenas de quilômetros distante.
De que adiantava o medo, a dúvida, ou ainda aquele discurso que sempre adia para amanhã o que devo fazer hoje.
Não gosto muito dos ditados populares. Talvez só sejam populares porque repetidos, por qualquer um, num mote sem sentido: "Os cães ladram enquanto a caravana passa".
Para onde irá esta caravana? Porque latiriam os cães? Latiriam para os camelos? Latiam para os aventureiros que iam e vinham pelo deserto. Não é isso que quero para mim. Não sou aventureiro de desertos e nem tocador de camelos.
Se andei centenas de quilômetros para vê-la. Ela precisava saber disso. E não, por telefone...
Eu gosto de fazer surpresas. Boas surpresas. Daquelas que deixam escapar todos os sorrisos. Daquelas que alimentam sonhos e fazem olhos brilharem nos encontros.
Ela me viu, sorriu e sorri para ela. Troquei abraços com os braços dela. E bom sentir, a pessoa que desejamos, próxima.
Aquele encontro não fora marcado, mas tampouco, por mim, fora adiado. Era no trabalho dela. Tínhamos ali limites. Um espaço meu, um intervalo dela.
Dei-lhe um beijo. Conversávamos enquanto eu sentia o toque das suas mãos. Além do cuidado, o carinho e amor. Parecia me dizer ter acertado a hora.
Ao ir-me embora, trocamos sorrisos e nos saudamos.