O TEMPO
Sempre me sentira um navegante, como se o tempo fosse um oceano e eu, um barquinho, inserido nele.
Tudo aconteceu quando, ainda moleque, apertei meus dedos contra minha mão, cerrando o punho. Fora apenas um risco de tempo mas senti, a minha mão, como potência. Foi um dia diferente.
Aquela mão cerrada me dava uma outra dimensão de mim.
Será que é isto que lêem as cartomantes? Será que as mãos são mapas da vida? Minha mão marcou um novo tempo. De antes, pouco me lembro mas depois, meus dias se emendaram, todos.
Sete anos, doze, quinze, dezoito, vinte e seis anos.. e todos os seus dias se alinharam àquele.
Dei risadas, chorei, cresci. Teve um momento, naquele emendado, que perdi uma irmã que não nasceu. Foi minha primeira perda. Outras aconteceram.
Não brinco com palavras embora, com pontos e com vírgulas ainda faça brincadeiras com o tempo.
Meu mundo não é uma ampulheta. A vida se assemelha muito mais a uma centelha que segue um risco indefinido para lugar algum.
Ao sair ao mar, o navegante, deve apenas olhar adiante.
Algumas pessoas usam assim o tempo. Eu sei.
Mil vidas, mil estórias, mil fatos. Tudo "on line".
Tempo! Um infinito instante...
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