Mentiras e Verdades Sobre o Halloween!
Por Isabela Fanni
Celebrado anualmente a mais de 2000 anos antes do nascimento de Cristo, na
Europa, pelos povos que habitavam a Irlanda, o Reino Unido e o norte da
França, os povos celtas comemoravam o seu Ano Novo.
O Halloween veio de antigas religiões como a Wicca que cultuam deuses e
deusas, da natureza. Eles têm vários tipos de rituais, que usam elementos da
natureza - fogo, água, areia, flores e incenso, o fogo simboliza o fogo,
água simboliza o mar, a areia simboliza a terra, flores e incenso simbolizam
o ar - esses povos adoravam a natureza e ao Sol, que era considerado o maior
de todos os deuses.
Para eles que dependiam dessas forças e cuja principal forma de subsistência
era a pastoril, a divisão do ano estava vinculada às estações do verão
(quando levavam seus rebanhos para pastar) e do inverno (quando os rebanhos
eram levados para os currais). Instituído pelos sacerdotes Druidas, no
calendário céltico, o início dessas estações correspondia, respectivamente,
ao dia 1º de maio, chamado de Beltane ao dia 1º de novembro (Halloween), o
feriado era Samhain (assinalava o início do ano, quando a estação do Sol era
finalizada e iniciava-se a estação do frio e da escuridão), a passagem do
ano para eles. O ano novo céltico celebrava a abertura da passagem entre a
vida e a morte, e que por isso, permitiria que todas as almas voltassem ao
plano físico em busca de alimento. Porém, a presença desses fantasmas
prejudicariam não só as colheitas, mas o corpo de quem fosse possuído pelos
espíritos malignos.Nesta mesma época do ano, um rigoroso inverno chegava a
essa região causando um grande número de mortes entre os celtas.
Naturalmente, os vivos não queriam ser possuídos, então, na noite de 31 de
outubro, ascendiam fogos em suas casas e fogueiras em toda a aldeia.
Vestiam-se com roupas velhas, escuras, esfarrapadas... um tipo de fantasia e
ruidosamente desfilavam em torno do local onde viviam..
Os espíritos dos entes queridos, também, visitavam seus velhos lares e se
reconfortavam com as homenagens prestadas por seus parentes.Mas não eram
apenas as almas dos mortos que pairavam invisíveis, as bruxas esmeravam-se
em seus atos malignos, algumas cruzando os ares com suas vassouras, outras
galopando pelas estradas montadas em gatos pretos que, naquela noite, se
transformavam em cavalos. Também as fadas, gnomos e duendes de todos os
tipos vagavam livremente neste dia.
"Os celtas acreditavam em todas as leis de espaço e tempo, o que permitia
que o mundo dos espíritos se misturasse com o dos vivos", (Gahagan).
Eram classificadas como bruxas boas às "médicas-homeopatas" da época, anciãs
que davam bons conselhos, conheciam os segredos das ervas e ajudavam às
pessoas doentes sem pedir nada em troca. Já as bruxas más eram aquelas que
faziam feitiçaria para arrumar casamentos, causar acidentes, jogar
maldições..., mas em troca de bens materiais . Não existiram só bruxas, mas
também os magos.
O nome Bruxa ou Feiticeira tem realmente suas origens na Igreja Católica que
deturpou o verdadeiro sentido de Halloween. Surgiu ainda na Idade Média
quando a Igreja condenava com a "Santa Inquisição", as pessoas culpadas por
desrespeito às leis de Deus. Essas pessoas ditas hereges, eram torturadas ou
queimadas numa grande fogueira em praça pública para que servisse de
exemplo. Descreveu-se então um perfil de mulheres que possuíam esses
"poderes mágicos" de cura por terem pacto com o demônio, é mole?
A Igreja Católica, que queria garantir seu poder, fez com que algumas dessas
mulheres se rebelassem, com uma infeliz conseqüência: as "bruxas" se
tornariam símbolo de coisas maléficas e ocultas, e, portanto, hereges aos
olhos de "Deus".
O costume de doce ou travessura não foi originado pelos celtas irlandeses,
mas com um novo costume do século IX europeu, chamado Souling. Em 2 de
novembro, Dia de Todas as Almas, primeiros cristãos caminhavam de aldeia em
aldeia pedindo "bolos de alma", pedaços de pão com groselha. Quanto mais
bolos os mendigos recebessem, mais orações, eles prometiam fazer em nome dos
parentes mortos dos doadores. Acreditava-se que o morto permanecia no limbo
por um tempo depois de morte, e aquela oração, feita até por estranhos, dava
passagem de uma alma para céu.
E as abóboras com vela dentro? Segundo a lenda irlandesa, um homem chamado
Jack, um notório bêbedo e trapaceiro, enganara o demônio. Jack então
esculpiu a imagem de uma cruz no tronco da árvore, prendendo o diabo em cima
da árvore. Jack fez um acordo com o diabo, se ele nunca mais o tentasse, ele
o deixaria descer da árvore. De acordo com o conto do povo, depois do
falecimento de Jack, a entrada dele foi negada no Céu, por causa de seus
maus modos, mas ele teve acesso também negado no Inferno, por enganar o
diabo. Sendo assim, o diabo deu a ele uma brasa única para iluminar sua
passagem pela escuridão fria, ela era colocada dentro de um nabo para
mantê-la acesa por mais tempo. Os nabos na Irlanda eram usados como:
"lanternas do Jack". Mas quando os imigrantes vieram para a América,
começaram a usar as abóboras, pois eram mais abundantes que nabos.
Só em 1840, porém, imigrantes irlandeses que fugiam da fome, levaram esse
folclore à cultura americana.
Apesar de alguns cultos e trabalhos satânicos terem adotado o Halloween como
seu feriado favorito, o dia não teve origem em nenhuma prática demoníaca
como algumas pessoas pensam.Hoje o Halloween é apenas o que cada um faz
dele, bem ou mal.
Segundo a filosofia, "o mito foi a primeira forma do ser humano se situar no
mundo", não esses mitos apresentados na forma de estórias para crianças, mas
um elemento que direciona a vida de uma comunidade. O mito mostra também
que o homem é afetividade e emoção.
Isabela Fanni . Comentários e sugestões : ifanni@ig.com.br
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