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Artigos-->A LITERATURA LIGHT -- 01/11/2002 - 15:06 (Ernandes Aparecido Campagnoli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Também no campo das leituras encontramos o chamado light que abordei no meu último artigo. Um bom exemplo disso são as revistas de fofocas ou, como prefiro chamar, histórias em quadrinhos para adultos. Ambos tem raízes similares, embora sua análise deva ser feita separada. Os livros lights são como lenços de papel: são usados e jogados fora. As editoras que publicam esses livros logo esgotam seus estoques de tiragens, às vezes em menos de uma semana. Seus estoques desaparecem como estrelas fugazes sem deixar o menos vestígio. É literatura de consumo rápido, sem quase nada denso que mereça realmente a nossa atenção, que serve no máximo para alguns medíocres combater o tédio de uma tarde de férias. Podemos também enquadrar nessa categoria os best-sellers, pois seu significado deve ser entendido assim: é preciso ler o que lê a maioria das pessoas; dessa forma, as conversas giram em torno do que está nas ruas, na moda. É uma forma moderna ou light de estar em dia, o que também se aplica as revistas de fofocas. Todo mundo fala das mesmas coisas, o mundo fica pequeno, os temas são mais próximos, as conversas são unidirecionais.

As revistas de fofocas estão na moda. Semanalmente nos informam sobre os últimos acontecimentos sentimentais. A vida particular das pessoas famosas ou autoridades públicas é jogada no tapete e analisada em cada milímetro e por aí afora. A impressão que se tem é de que os leitores dessas revistas nunca se cansam dessas informações, querem sempre mais fofocas. O personagem quase sempre é fabricado pelos meios de comunicação. Se as revistas de fofocas publicassem matérias sobre gente saudável, normal, gente comum, isso não venderia e, portanto não interessa. O que vende são as matérias mórbidas, o sensacionalismo, o trágico. Qual seria o perfil dos leitores desse lixo cultural e intelectual? Antes de tudo, é gente que quer fugir da realidade, tanto porque a vida pessoal já é suficientemente complexa, como para se sacudir do cansaço e do esgotamento; por isso fogem, embora seja só por um instante. Fogem dos problemas, escapole, ausenta-se, consegue, por um fugaz momento, se livrar de suas angústias. É bom ressaltar que as pessoas que levam uma vida mais intensa, sobretudo no campo profissional e intelectual, não costumam fazer esse tipo de leitura. Diriam que isso seria perda de tempo – é realmente tem razão.

As revistas de fofocas quase não têm texto, predominam as fotos, através das quais podem apreciar as novas tendências da moda, o bom gosto ou a falta de estilo das pessoas que saem nas páginas. Outro aspecto dessa literatura light é o comercial. O importante, então, é que o livro venda. Os escândalos financeiros ou livros denúncia, mas com certo cunho social, podem fazer sucesso tanto como um livro de receitas culinárias escrito por um grande chef ou aqueles manuais idiotas para se conseguir ser feliz sem esforço. A situação atual é grave, porque se descuida da educação intelectual: curiosidade pelos livros clássicos, os grandes autores, os temas eternos e imperecíveis. Como exemplo cito um livro que escrevi e que HÁ QUATRO ANOS NÃO CONSIGO SEQUER PATROCÍNIO PARA PUBLICÁ-LO, MESMO SENDO CONVIDADO POR TRÊS VEZES PARA FAZER O LANÇAMENTO DELE NA BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO, a maior feira de livros da América Latina, diga-se de passagem. E sabem por que não consigo patrocínio para publicá-lo: porque se trata de um livro de Romance, com histórias típicas de nossa região e com mensagens para a vida. Estamos assim, todos os dias sujeitos a uma enorme gama de mensagens publicitárias, recomendando este ou aquele livro de grandes editoras, todas com suas linhas light de publicação e cujo único objetivo é que o leitor passe o tempo com um livro nas mãos. É um livro que as editoras fazem para um homem sem cultura, sem critérios definidos e que vive de olho na televisão. O boom televisivo fez estragos, pegando muita gente indefesa justamente no momento que poderia melhorar seu nível intelectual e cultural. Os livros com algum estofo e interessante, como o meu (digo isso passando o que as editoras disseram em relação a meu livro e não como uma opinião própria), são os mais afetados por essa crise, pois muitos não mais editados por conta da editoras, por falta de compradores e medo das editoras de não vende-los e em função disso terem prejuízo.

Outro fenômeno moderno é a produção de um material informativo minucioso e prolixo, que nos chega de todos os lados; mas essa informação não é informativa, não constrói, não edifica um homem, não o faz mais rico interiormente, levando-o em direção ao humanismo e seus valores. Ao contrário, vai gerando um indivíduo frio, desconsertado, perdido diante de tantas notícias negativas, incapaz de fazer uma síntese de tudo que lê nos jornais. Ele entra, assim, numa forma especial de massificação, o gregarismo: todos dizem a mesma coisa, os tópicos e lugares-comuns se repetem de boca em boca. Hoje todo objeto é belo, pois nada é belo. Enfim, tudo é relativo, tudo depende de muitas coisas que são variáveis. Por isso, parece que o melhor é navegar em todas as linhas e em nenhuma ao mesmo tempo. Precisamos retornar à humanização da sociedade, ou seja, a não se deixar invadir por tantos esquemas publicitários e informativos que terminam deformando o homem, além de buscar um sentido transcendente, a edificação de uma cultura digna que propicie um crescimento interior para tornar o homem mais nobre, cheio de amor e liberdade. Corrigir o rumo, custe o que custar, esse deve ser nosso lema. E lembrando que sempre existem bons ventos para quem sabe aonde vai. Acorda Brasil!!

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